No último sábado (12), a cidade de Camaçari viveu um dos momentos mais marcantes no combate à criminalidade. Foi nesse dia que a polícia conseguiu colocar as mãos em Francisco Ferreira Henriques Rabelo, conhecido por vários apelidos: “Chiquinho”, “Cafezinho” e até “Paulo”. O nome real até pode ser pouco conhecido, mas os apelidos são bem falados — principalmente entre aqueles que acompanham o noticiário policial ou vivem nas áreas onde ele atuava.
Chiquinho estava foragido há bastante tempo, sendo considerado um dos criminosos mais perigosos e procurados do estado da Bahia. Ele fazia parte do famoso Baralho do Crime da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), onde figurava como a carta “Quatro de Ouro”. Essa ferramenta reúne os nomes e rostos dos bandidos mais procurados pelas autoridades, e Chiquinho estava lá há anos, sem deixar muitos rastros.
Mas isso mudou. Graças a uma operação conjunta entre a 4ª Delegacia de Homicídios (DH), o 12º Batalhão da Polícia Militar (BPM) e a Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Polo Industrial, o foragido finalmente foi capturado. E não foi em qualquer lugar. A prisão aconteceu no bairro Phoc II, em Camaçari, região onde ele já havia causado muito medo por conta de sua atuação violenta.
Chiquinho não era só um criminoso comum. Ele era conhecido como um dos principais responsáveis por assassinatos nas cidades de Camaçari, Simões Filho e Dias D’Ávila. Segundo as investigações da Polícia Civil, ele não apenas cometia os crimes com as próprias mãos, como também mandava matar quem atravessasse o caminho da facção à qual ele pertencia.
A polícia acredita que ele tinha um papel de executor da facção criminosa, sendo enviado para missões específicas: eliminar inimigos, cobrar dívidas, manter o controle de territórios dominados pelo tráfico de drogas. Ele se movimentava entre Camaçari e o distrito de Monte Gordo, sempre na surdina, buscando não levantar suspeitas.
Mas, mesmo com cuidado, sua presença em certos locais costumava coincidir com aumentos na violência. Era só ele aparecer, que logo se ouvia falar de tiroteios, mortes e disputas por pontos de venda de drogas. Isso fez com que as autoridades intensificassem as buscas, pois sabiam que onde Chiquinho estava, o perigo era certo.
De forma surpreendente, Chiquinho voltou a Camaçari não para cometer um crime, mas para comemorar a prisão de um rival, conhecido como “Meiquinho”. Esse outro criminoso era líder de uma facção rival e foi preso na Paraíba, um dia antes (sexta-feira, dia 11).
Chiquinho achava que estava tudo tranquilo. Queria celebrar a “vitória” da sua facção, achando que a polícia não o encontraria tão cedo. Mas foi aí que se enganou. A inteligência da polícia estava de olho em seus passos e viu na comemoração a chance perfeita para dar o bote. E deu certo: ele foi preso em flagrante, sem chance de reagir.
Depois da prisão, Chiquinho foi levado para a sede da 4ª Delegacia de Homicídios, onde os policiais realizaram todos os trâmites legais. Agora, ele vai responder por tráfico de drogas, homicídios qualificados e envolvimento com organização criminosa.
Esses crimes não são leves, e se tudo correr dentro da lei, ele deve passar um bom tempo atrás das grades. Vale lembrar que os homicídios atribuídos a ele não são poucos, e muitos deles ainda estão sendo investigados.
A expectativa da polícia é que, com a prisão de Chiquinho, novas informações sobre a atuação da facção venham à tona. Ele pode acabar delatando comparsas, ajudando a identificar mandantes e locais onde a facção ainda atua com força.
A prisão de um bandido tão perigoso quanto Chiquinho representa um grande alívio para a população da Região Metropolitana de Salvador. Durante anos, ele espalhou medo e violência por onde passava. Famílias inteiras viviam em constante estado de tensão, sem saber se seriam as próximas vítimas de uma guerra de facções que parecia não ter fim.
Agora, com ele fora de circulação, abre-se uma brecha para que a paz comece a retornar a algumas dessas áreas. Claro que a prisão de um criminoso não resolve todos os problemas, mas mostra que a polícia está atenta e não vai deixar impune quem pratica o mal.
O trabalho das forças de segurança foi elogiado não apenas pela eficiência, mas pela forma estratégica como agiram. Usaram inteligência, paciência e ação certeira para capturar alguém que era considerado um “fantasma” — aparecia e sumia sem deixar rastros.
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