O caso expõe a ausência de guarda-vidas nos 42 km de praia de Camaçari, deixando moradores e turistas vulneráveis.
O caso expõe a ausência de guarda-vidas nos 42 km de praia de Camaçari, deixando moradores e turistas vulneráveis.

Na tarde desta quarta-feira, dia 23 de abril, por volta das 14h, um passeio à beira-mar terminou em tragédia para duas famílias que curtiam a praia de Barra do Jacuípe, em Camaçari. Dois homens se arriscaram nas águas e acabaram se afogando. Infelizmente, um deles não resistiu e seu corpo foi encontrado boiando na maré. O outro foi retirado com vida pela equipe do GRAER (Grupamento Aéreo da Polícia Militar), levado ao hospital e permanece recebendo atendimento médico.

Tudo começou quando os banhistas resolveram nadar em um trecho conhecido pelas correntes fortes. De acordo com testemunhas, a maré estava agitada e a aproximação de algumas ondas mais fortes acabou surpreendendo os dois amigos. Foi nesse momento que ambos começaram a ter dificuldade para voltar à areia. Sem salva-vidas por perto, as pessoas que estavam na praia tentaram ajudar gritando por socorro, mas não conseguiram mexer nas vítimas por conta da força da água.

Só então o GRAER foi acionado pelas equipes de segurança pública. Os policiais militares chegaram rápido, sobrevoando a área e avistando os dois mergulhadores em apuros. Um deles foi retirado desacordado e, apesar de todos os esforços da equipe de resgate, já não apresentava sinais vitais quando chegou à areia. O outro rapaz foi socorrido ainda com vida e levado de ambulância até um hospital da região, onde está em observação e recebendo todos os cuidados.

O caso, por si só, já seria trágico. Mas quando se descobre que toda a orla de Camaçari — cerca de 42 km de extensão — está sem nenhum guarda-vidas desde o início da semana, o sinal de alerta fica ainda mais vermelho. Sem esse serviço essencial, quem passa o dia na praia fica totalmente desamparado diante de emergências no mar. Imagine: não há ninguém treinado para avaliar as condições da água, alertar sobre correntes perigosas ou entrar no mar para salvar vidas.

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Isso é ainda mais grave quando levamos em conta que Camaçari tem recursos de sobra para garantir a segurança de seus visitantes. O município é o segundo maior arrecadador de ICMS no Nordeste e ocupa a quarta posição em economia na região. Ou seja, há verba para contratar profissionais de salvamento aquático e equipar postos de observação em pontos estratégicos da orla. Mas, por qualquer razão administrativa ou de gestão, os guarda-vidas acabaram de folga — ou sem contrato — justamente quando o verão ainda embala o turismo local.

Morar em Camaçari significa conviver com praias lindas e cheias de vida. Barra do Jacuípe é uma das mais procuradas, tanto por quem mora por aqui quanto por turistas que vêm de Salvador, Lauro de Freitas e até de outros estados. Nos finais de semana, a orla ferve de barracas de praia, feirinhas e música ao vivo. Mas a falta de um serviço de salvamento acuático transforma um passeio que deveria ser de lazer em medo e insegurança.

Proprietários de bares e quiosques já começam a reclamar: “As pessoas ficam com receio de entrar na água depois desse caso. Aí não tem como manter o movimento”, comentou um ambulante que preferiu não se identificar. Para a dona de um quiosque de água de coco, “o susto foi grande. Se tivesse um salva-vidas, talvez fosse diferente. Agora, todo mundo fala que vai ficar só na areia”.

E não é só o comércio que sofre. As famílias ficam preocupadas ao deixar crianças brincar perto do mar. “A gente escolhe a praia para relaxar, mas sem salva-vidas, é um perigo real”, disse uma moradora de Camaçari que passeava com o filho de seis anos. Turistas, que antes falavam em voltar no fim de semana, agora repensam os planos. Alguns chegam a perguntar para quem trabalha na praia: “Tem socorrista por aqui?” e, ao ouvir a resposta negativa, escolhem outra faixa de areia.

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Diante desse cenário, moradores e visitantes fazem um apelo aos poderes públicos de Camaçari: coloquem guarda-vidas de volta nas praias o mais rápido possível. Não dá para esperar o próximo verão ou a próxima licitação. Cada dia sem socorrista é um risco aumentado de mais acidentes, ferimentos graves — ou até mortes.

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