R$ 2,20 por pombo_ Contrato milionário de empresa investigada sacode Prefeitura de Camaçari
R$ 2,20 por pombo_ Contrato milionário de empresa investigada sacode Prefeitura de Camaçari

Uma história digna de filme policial está sacudindo os bastidores da administração de Camaçari, na Bahia. A “Operação Overclean”, conduzida pela Polícia Federal, colocou em xeque um contrato milionário firmado entre a Prefeitura e a empresa Larclean, especializada em controle de pragas. O caso envolve acusações de fraudes, prisões e um esquema que parece ter muito mais do que pombos no centro da trama.

Logo no começo de 2024, a Larclean fechou um contrato com a Prefeitura de Camaçari, sob a gestão do prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil). O valor? Nada menos que R$ 7,4 milhões, dos quais mais de R$ 2 milhões foram destinados ao manejo de pombos. Cada ave custava R$ 2,20, um preço que chamou a atenção da população e, claro, das autoridades.

A investigação revelou que o contrato foi assinado por Fábio Rezende Parente, uma figura central no esquema que está sendo investigado. Fábio foi preso no início de dezembro pela Polícia Federal e é apontado como um dos “cabeças” da organização criminosa. Segundo as autoridades, ele era responsável por executar as transações financeiras do grupo, incluindo o pagamento de propinas.

Mas Fábio não atua sozinho. Ele também é ligado a outras empresas investigadas, como a Allpha Pavimentações, FAP Participações LTDA., e Rezende Serviços Administrativos LTDA. Para complicar ainda mais, ele teria utilizado contas bancárias de terceiros, como a da empresa fantasma Bra Teles Ltda., para esconder o dinheiro sujo.

Outro personagem que está no centro das atenções é Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”. Moura também foi preso em dezembro, acusado de liderar o esquema de fraudes que inclui contratos milionários como o da Larclean. O envolvimento de Moura reforça as suspeitas de que a empresa não estava apenas preocupada com pombos, mas também em desviar recursos públicos.

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O contrato assinado em janeiro previa a prestação de serviços de controle de pragas, incluindo o manejo de pombos. Em princípio, parece um serviço necessário para a saúde pública, mas os valores exorbitantes levantaram dúvidas. Como uma cidade poderia gastar mais de R$ 2 milhões apenas com pombos? A Polícia Federal acredita que essa é apenas a ponta do iceberg.

As investigações apontam que o contrato fazia parte de um esquema maior de desvio de verbas. Segundo a PF, a organização criminosa utilizava empresas de fachada para lavar dinheiro e distribuir propinas. Além disso, há indícios de superfaturamento nos serviços prestados, com valores muito acima dos praticados no mercado.

Outro ponto importante é que Fábio Rezende Parente, além de assinar o contrato, teria sido o elo entre a Prefeitura e o grupo criminoso. Ele utilizava suas empresas para movimentar o dinheiro e ocultar a origem dos recursos. A participação de outros agentes públicos também está sendo investigada.

O caso gerou grande revolta entre os moradores de Camaçari. Muitos questionam como um contrato tão controverso passou despercebido. A administração municipal, por sua vez, afirmou que está colaborando com as investigações e prometeu revisar todos os contratos firmados com a Larclean.

Em nota, a Prefeitura alegou que o serviço de controle de pragas é essencial para a saúde pública e que o contrato seguiu todos os trâmites legais. No entanto, a população segue desconfiada e espera por mais respostas.

Com as prisões de Marcos Moura e Fábio Rezende Parente, as investigações prometem avançar ainda mais. A Polícia Federal está apurando se outros contratos também foram superfaturados e se há mais pessoas envolvidas no esquema. Além disso, há a expectativa de que novos desdobramentos venham à tona nos próximos dias.

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Enquanto isso, o caso serve de alerta para a importância da fiscalização e da transparência nos contratos públicos. A população de Camaçari, assim como de outras cidades, merece saber como o dinheiro público está sendo usado.

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