Joneuma Silva Neres, ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis
Joneuma Silva Neres, ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis

A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, localizado no extremo sul da Bahia, Joneuma Silva Neres, de 33 anos, está no centro de uma grave investigação do Ministério Público da Bahia (MP-BA). Policial penal e primeira mulher a comandar uma unidade prisional no estado, ela é acusada de envolvimento com uma facção criminosa, de corrupção e de manter um relacionamento íntimo com um dos detentos. As informações constam em um processo revelado pela TV Bahia e detalhado em reportagem exibida no BATV nesta quinta-feira (3).

As suspeitas se intensificaram após uma fuga em massa ocorrida em dezembro de 2024, quando 16 presos escaparam da unidade. Desde então, apenas um dos foragidos foi localizado, mas acabou morrendo em confronto com a Polícia Civil em janeiro deste ano. Os demais continuam foragidos.

Segundo o processo, Joneuma teria favorecido os presos com regalias que violam os protocolos da unidade prisional. Entre os benefícios concedidos estavam a entrada não autorizada de ventiladores, roupas, sanduicheiras e até freezers. Além disso, servidores apontam que ela permitia visitas íntimas e reuniões privadas com Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como “Dadá”, apontado como líder de uma facção criminosa com ramificações no Rio de Janeiro.

Relatos de funcionários afirmam que Dadá se encontrava frequentemente com Joneuma na sala de videoconferência, sempre sozinho. Durante os encontros, uma folha branca era usada para cobrir a porta de vidro, bloqueando a visão externa. Os encontros foram descritos como “sigilosos e prolongados”, e há suspeitas, ainda não confirmadas oficialmente, de que os dois mantinham relações sexuais dentro do presídio.

Outro ponto que chamou atenção das autoridades foi a livre circulação da esposa de Dadá no presídio, sem qualquer tipo de inspeção, o que, de acordo com os depoimentos, só era possível graças ao apoio direto da então diretora. As denúncias também atingem Wellington Oliveira Sousa, ex-coordenador de segurança da unidade e apontado como homem de confiança de Joneuma. Ele também foi preso.

Leia Também:  25 Atividades Excluídas do MEI: O Que Fazer Para se Regularizar?

Ao todo, 18 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público por envolvimento nas irregularidades. Joneuma foi detida no dia 24 de janeiro deste ano, enquanto estava grávida. Seu filho nasceu prematuro e está com ela no Conjunto Penal de Itabuna, onde permanece custodiada.

O caso segue em investigação e chama atenção pela complexidade e pelos elementos que revelam possíveis falhas graves na gestão prisional da Bahia. A repercussão do escândalo levanta debates sobre segurança nas penitenciárias e a influência de organizações criminosas dentro do sistema prisional.

DEIXE O SEU COMENTÁRIO