O caso gerou pânico, ameaças e indignação.
O caso gerou pânico, ameaças e indignação.

O baiano Wiliam Pinheiro Moura, de 31 anos, viveu momentos de desespero ao ter seu nome e foto divulgados por engano como se fosse um dos líderes do Comando Vermelho, presos na última terça-feira (28), durante uma megaoperação no Rio de Janeiro. Morador de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, Wiliam garante nunca ter estado no Rio e teme por sua segurança após o equívoco.

A confusão começou quando uma fonte da Polícia Civil da Bahia teria repassado à imprensa a imagem e o nome do motorista como sendo de um dos criminosos capturados. O problema é que a foto usada foi retirada da carteira de habilitação de Wiliam, sem que ele soubesse como o agente teve acesso ao documento.

Fiquei sem chão. Sou trabalhador, nunca estive no Rio de Janeiro e de repente me vi acusado de algo que nunca fiz”, relatou o motorista, ainda abalado com o ocorrido. Ele contou que começou a receber mensagens de ameaça logo após o erro viralizar, inclusive com prints de reportagens que exibiam sua imagem como traficante.

Segundo o advogado Sadraque José Serafim Ribeiro, a divulgação da foto representa grave risco à integridade física e à vida de Wiliam, especialmente por morar em uma região marcada por disputas entre facções, como o Comando Vermelho (CV) e o Bonde do Maluco (BDM).

“Associar a imagem de um cidadão de bem a uma facção é algo extremamente perigoso. Estamos tomando todas as medidas legais para reparar o dano e garantir a segurança dele”, afirmou o advogado.

A situação causou impacto também na cidade natal de Wiliam, Paripá, no sul da Bahia, onde familiares e amigos ficaram confusos e preocupados. “Sou de uma cidade pequena, todo mundo se conhece. Meus amigos sabem que sou trabalhador, mas muita gente começou a falar mal de mim, me xingar. Fiquei arrasado”, desabafou.

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Com medo de represálias, o motorista parou de trabalhar e evita sair de casa. “Foram tantas mensagens e ameaças que o meu WhatsApp travou. Eu e minha família estamos vivendo um pesadelo”, lamentou.

O caso não é isolado. Segundo o advogado, situações semelhantes já ocorreram na região, como o de um motorista sequestrado e morto após ser confundido com informante da polícia em Eunápolis.

Para tentar conter os boatos, Wiliam gravou um vídeo e publicou nas redes sociais explicando a verdade. “Nunca fui preso, nunca estive no Rio e não sou investigado. Tudo que foi divulgado é mentira. Já estou tomando as medidas cabíveis”, afirmou.

O advogado confirmou que o processo judicial já está em andamento e destacou que o caso pode ser enquadrado como crime de injúria e difamação, uma vez que houve divulgação falsa de crime e dano à imagem de um inocente.

Estamos investigando como esse erro aconteceu. Ele nunca teve documento roubado ou perdido. É um homem pacato, trabalhador e muito querido”, completou Ribeiro.

Agora, a defesa busca responsabilizar quem repassou as informações erradas à imprensa e garantir proteção ao motorista, que segue com medo e sem previsão de retomar o trabalho.

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