Uma cela do Módulo V da Penitenciária Lemos Brito, localizada em Salvador, se tornou centro de uma polêmica após uma investigação da Polícia Civil da Bahia apontar que o espaço foi transformado em um verdadeiro ambiente de luxo por integrantes da facção Bonde do Maluco (BDM).
A denúncia, revelada pelo jornal Correio, mostra que os presos desfrutavam de uma estrutura completamente fora dos padrões do sistema prisional brasileiro. No local, foram encontrados móveis planejados, bebidas alcoólicas importadas, perfumes de marca e diversos itens proibidos pela legislação penitenciária.
A apuração começou ainda em 2023, quando a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) identificou indícios de regalias oferecidas a detentos da unidade. Entretanto, somente agora, com a abertura oficial de um inquérito policial, as informações vieram à tona.
De acordo com os documentos que integram a investigação, os presos tinham acesso a produtos como o uísque Chivas Royal Salute 21 anos, o perfume 1 Million (da Paco Rabanne), colchões confortáveis, camas separadas, espelhos, cadeiras acolchoadas, televisão, ventiladores e até um banheiro privativo, completo com chuveiro e vaso sanitário.
Além disso, parte do chão da cela estava coberta com azulejos, oferecendo uma aparência ainda mais sofisticada. Também foi observado que o ambiente possuía boa ventilação, destoando da realidade comum do sistema carcerário, marcado por superlotação, calor excessivo e falta de estrutura mínima.
As autoridades agora trabalham para descobrir como esses itens entraram na unidade prisional e quem são os agentes públicos, se houver, que facilitaram ou se omitiram diante das irregularidades.
O caso levanta novamente o debate sobre o controle do Estado sobre o sistema prisional e a força das facções criminosas mesmo dentro das cadeias.
A investigação segue em andamento, e mais desdobramentos devem ser divulgados nos próximos dias.
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