Mauro Cid expõe reunião polêmica sobre desestabilização do governo
Mauro Cid expõe reunião polêmica sobre desestabilização do governo

Na última quinta-feira (21), Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestou depoimento ao ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). Durante as três horas de audiência, Cid trouxe à tona informações que aumentaram a tensão sobre possíveis ações para desestabilizar o governo eleito. Uma das revelações mais marcantes foi a confirmação de que o general Walter Braga Netto participou de uma reunião onde se discutiram estratégias para criar instabilidade no país.

Segundo Mauro Cid, ele esteve presente na residência de Braga Netto, mas alegou que sua participação foi limitada. “Eu só passei pelo local”, declarou, negando envolvimento direto em conversas sobre possíveis ataques contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro Moraes. Esse trecho do depoimento deixou claro que ele tenta se desvincular de qualquer ação mais drástica ou violenta. No entanto, Cid admitiu ter conhecimento de ideias voltadas para criar tumultos sociais, como paralisações de caminhoneiros e acampamentos em frente a quartéis.

Estratégias para desestabilização social

Ainda segundo seu depoimento, havia planos que visavam espalhar instabilidade social por meio de ações coordenadas. Mauro Cid mencionou que parte dessas estratégias incluía bloqueios nas estradas, especialmente mobilizando caminhoneiros, além da instalação de acampamentos em locais estratégicos. Essas iniciativas, segundo ele, tinham o intuito de provocar uma crise política e social que minasse a governabilidade do presidente Lula.

Esse depoimento trouxe um panorama mais claro das ações supostamente arquitetadas por um grupo de pessoas próximas ao antigo governo. Ainda que Mauro Cid negue ter participado diretamente das articulações mais drásticas, suas falas reforçam a narrativa de que existia um movimento orquestrado para dificultar a transição de poder e o início do novo governo.

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Negativas sobre envolvimento em planos de assassinato

Uma das partes mais polêmicas do depoimento de Mauro Cid foi sua negativa sobre o envolvimento em qualquer plano de assassinato. Questionado sobre possíveis atentados contra Lula, Alckmin e Moraes, ele foi enfático em afirmar que nunca participou de discussões com esse teor. No entanto, sua presença na reunião com Braga Netto levantou suspeitas, especialmente pelo fato de Cid ser uma figura próxima a Bolsonaro e estar envolvido em diversas articulações durante o governo.

Além disso, Mauro Cid alegou que não tinha acesso a todas as reuniões e, por isso, seu conhecimento era limitado em relação a possíveis planejamentos mais detalhados. Apesar disso, sua presença em um ambiente onde estratégias de desestabilização social foram discutidas levanta dúvidas sobre o real grau de envolvimento do ex-ajudante de ordens.

Mensagens apagadas no celular e monitoramento

Outro ponto relevante do depoimento foi a discussão sobre mensagens apagadas no celular de Mauro Cid. Ele afirmou que o monitoramento de Alexandre de Moraes tinha como objetivo identificar possíveis contatos entre integrantes da campanha de Lula e membros do antigo governo. Essa prática de deletar mensagens, segundo Cid, não era algo incomum, mas levantou suspeitas sobre a real intenção por trás de suas ações.

Essas mensagens poderiam conter informações importantes para as investigações e, consequentemente, ajudar a esclarecer até que ponto havia um movimento coordenado para desestabilizar o governo eleito. No entanto, a destruição de parte das provas acaba dificultando o avanço em algumas linhas de investigação.

Defesa de Braga Netto se posiciona

Após a repercussão das declarações de Mauro Cid, a defesa de Walter Braga Netto divulgou uma nota oficial. Segundo seus advogados, as informações divulgadas antes do acesso ao inquérito são irresponsáveis e, por isso, a defesa aguarda os documentos para fazer um pronunciamento formal.

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Esse posicionamento foi necessário devido à gravidade das acusações que, mesmo indiretamente, ligam o general às estratégias de desestabilização. Braga Netto, que foi um dos aliados mais próximos de Bolsonaro, já vinha sendo alvo de questionamentos sobre sua participação em possíveis articulações políticas e sociais nos bastidores do governo.

37 investigados e a delação premiada de Cid

O depoimento de Mauro Cid foi considerado essencial para o avanço das investigações. Ele faz parte de um grupo de 37 pessoas indiciadas por envolvimento em ações golpistas. Entre os indiciados, o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro também aparece, aumentando ainda mais o impacto político do caso.

Graças ao acordo de delação premiada, Mauro Cid pode obter benefícios legais, mas, para isso, precisa continuar colaborando com as investigações e fornecer informações detalhadas sobre os bastidores das reuniões e articulações. Sua colaboração foi vista como um marco, já que ele era uma das figuras mais próximas de Bolsonaro, participando ativamente de diversos momentos estratégicos do antigo governo.

O que vem a seguir?

Com as novas revelações, as investigações ganham fôlego e devem se aprofundar ainda mais nos próximos meses. A ligação de figuras importantes do antigo governo com estratégias de desestabilização pode levar a novos indiciamentos e até mesmo a desdobramentos mais graves. O STF deve continuar ouvindo depoimentos e reunindo provas para dar continuidade ao caso.

Enquanto isso, a opinião pública se divide sobre a veracidade das acusações e o grau de responsabilidade de cada envolvido. Mauro Cid, por sua vez, tenta equilibrar sua colaboração com a necessidade de se distanciar de ações mais extremas. Resta aguardar os próximos capítulos para entender como essas investigações impactarão o cenário político do Brasil.

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