O Conselho Tutelar acolheu a criança e a mãe foi informada.
O Conselho Tutelar acolheu a criança e a mãe foi informada.

Na tarde da última terça-feira (22), uma ocorrência policial em Camaçari chocou a população local pela ousadia do autor e o desfecho feliz para a vítima: uma bebê de apenas um ano que havia sido levada contra a vontade pelo próprio pai foi resgatada em meio ao trânsito da Avenida Jorge Amado.

Tudo começou quando moradores e passageiros de ônibus notaram um homem agitado dentro de um veículo coletivo. Ao perceberem que algo estava errado – especialmente porque ele estava com a filha pequena nos braços –, várias pessoas fizeram denúncias rápidas à Polícia Militar. Esses relatos apontavam que o suspeito não era apenas o pai da criança, mas um foragido da Justiça com mandado de prisão em aberto por tráfico de drogas.

Assim que recebeu as informações, o 12º Batalhão da Polícia Militar de Camaçari montou uma operação imediata para interceptar o ônibus. Viaturas foram posicionadas nos dois sentidos da Avenida Jorge Amado, local de grande fluxo tanto de veículos particulares quanto de transporte público. Com calma e estratégia, os policiais pediram que o ônibus encostasse no ponto e, educadamente, informaram ao motorista que precisavam fazer uma verificação de rotina.

No momento em que o suspeito percebeu a aproximação da viatura, o clima dentro do coletivo ficou tenso. Ele tentou se esconder, mas não teve chances quando os militares subiram no veículo e o abordaram. A bebê, assustada, foi logo retirada das mãos do pai e entregue a um policial que cuidou de acalmá-la e verificar seu estado de saúde. Por sorte, a criança não apresentava ferimentos e logo recuperou o sorriso.

Durante a abordagem, os agentes confirmaram os sinais vitais da bebê e, em seguida, checaram os dados do homem de 25 anos em seus sistemas. Foi aí que descobriram o mandado de prisão ativo contra ele por envolvimento em tráfico de drogas. Sem demora, o pai da menina foi algemado, informado dos seus direitos e encaminhado à delegacia de Camaçari, onde ficou à disposição da Justiça para o devido processo legal.

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A prisão em flagrante por sequestro e a existência do mandado por tráfico tornaram o caso ainda mais grave. Na delegacia, o homem ficou sob custódia e poderá responder por ambos os crimes: o de privação ilegal de liberdade da própria filha e o relacionado ao tráfico de entorpecentes.

Enquanto o pai era levado, o Conselho Tutelar foi acionado para garantir a proteção da bebê. Uma equipe de agentes do órgão chegou rapidamente ao local e conduziu a criança a uma casa de abrigo de Camaçari, onde ela recebeu atenção médica, alimentação adequada e cuidados psicológicos básicos para lidar com o susto.

Segundo o Conselho, todos os procedimentos foram feitos para que a bebê ficasse em um ambiente seguro até ser possível o contato com a família materna. A mãe da menina, que mora em Periperi, Salvador, foi avisada imediatamente sobre o resgate. Ainda abalada, ela seguiu para Camaçari e ficou informada de cada etapa, participando das decisões sobre o bem-estar da filha.

A notícia se espalhou rapidamente pelas redes sociais e grupos de WhatsApp da região. Muitos moradores elogiaram a eficiência da Polícia Militar e do Conselho Tutelar por agirem com rapidez e evitar um desfecho trágico. Outros, no entanto, ficaram assustados ao pensar que um pai pudesse levar sua própria filha sem permissão.

Em um bairro marcado por denúncias frequentes de violência e tráfico, o caso serviu de alerta para que as pessoas continuem atentas a situações suspeitas, especialmente envolvendo crianças. “Não hesitem em ligar para o 190 se virem algo fora do normal. Pode parecer exagero, mas, de repente, você está salvando uma vida”, comentou uma moradora que preferiu não se identificar.

Esse episódio também deixou clara a importância do transporte público como espaço de denúncia e registro de crimes. Passageiros muitas vezes são as primeiras testemunhas de atos ilícitos porque convivem de perto com suspeitos e vítimas. Motoristas e cobradores foram elogiados por manterem a calma e colaborarem com a polícia, permitindo que os agentes realizassem a abordagem com segurança.Com a prisão do pai e o resgate da criança, a investigação criminal vai seguir seu curso. O homem deve ser levado a audiência de custódia em breve, onde um juiz analisará o caso e decidirá sobre a manutenção da prisão preventiva. Já o processo por tráfico de drogas segue tramitando no fórum criminal de Camaçari.

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Do ponto de vista da proteção infantil, a Justiça também avaliará a situação da família. Caso a mãe demonstre condições adequadas de cuidar da menina, é provável que ela recupere a guarda. Se houver indícios de negligência ou perigo à integridade da criança, o Poder Judiciário poderá prolongar a permanência no abrigo ou definir outra forma de acolhimento.

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