A regra vale para todos os eventos financiados pela prefeitura, com fiscalização e punição para quem desrespeitar.
A regra vale para todos os eventos financiados pela prefeitura, com fiscalização e punição para quem desrespeitar.

A Prefeitura de Salvador sancionou uma nova lei que está dando o que falar na cidade e em todo o estado da Bahia. A regra agora é clara: não vai mais rolar contratar artistas ou bandas que cantem músicas incentivando o uso de drogas, falando de sexo explícito ou fazendo referência a crimes nos eventos bancados com grana pública.

Isso mesmo! O artista que quiser se apresentar em eventos que tenham patrocínio da prefeitura vai ter que pensar duas vezes antes de colocar letras polêmicas no repertório.

A ideia foi do vereador Alexandre Aleluia, do Partido Liberal (PL), e foi aprovada pelos vereadores da Câmara Municipal de Salvador. A sanção — ou seja, a assinatura que torna o projeto uma lei de verdade — foi feita pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil) e saiu oficialmente no Diário Oficial do Município (DOM) na última quarta-feira, 16.

Essa nova regra já está valendo e tem como foco todos os eventos que recebem dinheiro público. E isso não vale só para festas bancadas diretamente pela prefeitura, não! Parcerias, convênios e qualquer tipo de apoio financeiro do governo municipal também entram nessa jogada.

A legislação é bem direta: eventos com apoio da Prefeitura de Salvador não podem ter atrações musicais que cantem músicas com apologia ao sexo explícito, incentivo ao uso de drogas ou referências a crimes.

E se um artista quebrar essa regra? A punição pode pesar no bolso!
A lei diz que o pagamento do cachê pode ser bloqueado. E, se o dinheiro já tiver sido pago, a prefeitura tem o direito de pedir de volta, corrigido com juros e tudo, caso a apresentação tenha acontecido nos últimos dois anos.

A responsabilidade de fiscalizar tudo isso vai ser da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), que agora terá mais trabalho para analisar os repertórios e manter os eventos dentro da nova lei.

O vereador Alexandre Aleluia, autor da proposta, disse que o objetivo da medida é proteger as famílias e impedir que o dinheiro do povo seja usado para bancar músicas que, segundo ele, têm mensagens negativas.

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“É gratificante ver que nosso projeto virou lei. Agora, Salvador não incentivará mais músicas agressivas com dinheiro público”, declarou o vereador.

Ele acredita que essa mudança é um avanço para os valores morais da sociedade e quer evitar que o poder público incentive comportamentos que vão contra o que ele chama de “valores familiares”.

Quem acompanha a política baiana talvez lembre da famosa Lei Antibaixaria, criada lá em 2012 pela então deputada estadual Luiza Maia (PT). Aquela lei também proibia o uso de dinheiro público para pagar shows com músicas ofensivas, especialmente contra as mulheres.

A diferença agora é que a nova lei aprovada em Salvador amplia ainda mais esse tipo de restrição, incluindo músicas que façam referência a crimes e drogas, além do sexo explícito.

Durante o Carnaval de 2023, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) já tinha feito uma recomendação para que a prefeitura ficasse de olho nos blocos e bandas contratadas, para garantir que a lei estadual fosse respeitada. Agora, com a nova legislação municipal, esse controle vai ficar ainda mais forte.

A nova lei está gerando muita conversa nas ruas, nas redes sociais e no meio artístico. Muita gente vê essa mudança como algo positivo, principalmente pais e mães que se preocupam com o tipo de conteúdo que os filhos consomem em festas públicas.

Por outro lado, artistas e produtores culturais levantam uma bandeira de alerta: será que isso não pode acabar virando censura? Para alguns, a medida pode limitar a liberdade de expressão e abrir espaço para decisões subjetivas sobre o que pode ou não pode ser cantado.

Alguns cantores e bandas já se posicionaram dizendo que é preciso ter cuidado com esse tipo de proibição. Eles acreditam que a arte deve refletir a realidade, mesmo quando ela é dura ou polêmica. Outros afirmam que a cultura de Salvador, conhecida por ser diversa, criativa e ousada, não pode ser podada por decisões políticas.

Com a lei já sancionada e publicada oficialmente, a expectativa é que a fiscalização comece de forma imediata. Isso significa que a Secult terá que ficar de olho nos eventos, nas letras das músicas e nos contratos assinados com artistas.

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Os organizadores de festas patrocinadas com recursos da prefeitura vão precisar prestar atenção redobrada no repertório dos artistas. E os músicos, por sua vez, devem avaliar bem o conteúdo das suas apresentações, sob risco de perder o cachê ou até precisar devolver o dinheiro recebido.

Além disso, essa decisão de Salvador pode inspirar outras cidades do Brasil a adotarem medidas parecidas. Já existem alguns municípios que têm leis do tipo, e esse movimento pode crescer nos próximos meses.

Nas ruas e nas redes sociais, o povo tá falando — e muito! Tem quem apoie de forma firme e diga que já passou da hora do dinheiro público ser usado com mais responsabilidade. Essas pessoas acreditam que a música tem um papel importante na formação das crianças e adolescentes, e que não dá pra pagar show que incentiva crime ou droga com o dinheiro dos nossos impostos.

Mas também tem muita gente preocupada com os limites da liberdade artística. Eles dizem que cada pessoa tem o direito de escolher o que quer ouvir e que o papel da arte é justamente provocar, refletir e até mesmo criticar o sistema.

Alguns também apontam o risco de que essa nova lei seja usada como ferramenta para perseguir determinados gêneros musicais, como o funk, o rap e até o pagode, que muitas vezes retratam a realidade das periferias e do povo preto.

A nova lei de Salvador marca um novo capítulo na relação entre arte, cultura e poder público. A cidade, famosa por sua música vibrante e seus carnavais inesquecíveis, agora entra em uma nova fase, onde as letras das canções também entram na mira da fiscalização.

A ideia de não usar dinheiro público para bancar músicas com conteúdo considerado ofensivo pode até fazer sentido para quem quer proteger os valores familiares, mas o grande desafio será equilibrar isso com o respeito à diversidade cultural e à liberdade de expressão.

Só o tempo vai dizer se a medida será bem aplicada ou se trará mais polêmica do que solução.

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